sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Ser ou não ser - eis a questão.


Ser ou não ser - eis a questão.
Será mais nobre sofrer na alma pedradas e flechadas do destino feroz, ou pegar em armas contra o mar da angústia - e, combatendo-o,
dar-lhe fim? Morrer; dormir; só isso.
E com o sono - dizem - extinguir as dores do coração e as mil mazelas naturais a que a carne é sujeita; eis uma consumação ardentemente desejável. Morrer - dormir - Dormir!
Pois que suportaria o açoite e os insultos do mundo, a afronta do opressor, o desdém do orgulhoso, as pontadas do amor humilhado, as delongas da lei, a prepotência do mando, e o achincalhe que o mérito paciente recebe dos inúteis, podendo, ele próprio, encontrar seu repouso com um simples punhal?
Quem agüentaria fardos, gemendo e suando numa vida servil, senão porque o terror de alguma coisa após a morte - o país não descoberto de cujos confins jamais voltou nenhum viajante - nos confunde a vontade, nos faz preferir e suportar os males que já temos, a fugirmos pra outros que desconhecemos?
Talvez sonhar! Aí está o obstáculo!(...)